Resenha publicada em 25.04.2015 no Estadão. “Submissão” é uma tradução literal de ‘islã’, e também o título do romance mais recente do francês Michel Houellebecq, originalmente lançado em meio à tormenta causada pelo atentado terrorista à redação do Charlie Hebdo. No livro, passado em 2022, acompanhamos a ascensão de um muçulmano ao poder na França e, […]
Autor: André de Leones
Conhecimento e reconhecimento em "Eu sou trezentos: Mário de Andrade – vida e obra"
Por Eduardo Sinkevisque (PNAP-R/FBN) Eu sou trezentos: Mário de Andrade — vida e obra, novo livro de Eduardo Jardim, apresentação de Renato Lessa (Edições de Janeiro/Ministério da Cultura/Fundação Biblioteca Nacional, 2015, 255 páginas), move-se em dois sentidos prioritários. Dá a conhecer e a reconhecer Mário de Andrade, persona central da cultura brasileira nos anos 1917-1937. […]
A praia impossível
É comum se referir a Vício Inerente como o “mais fácil” dos livros de Thomas Pynchon (1937), autor de calhamaços como O Arco-Íris da Gravidade e Mason & Dixon. De fato, o sétimo romance do autor (que lançou o oitavo, Bleeding Edge, em 2013) exige menos do que os citados acima, e forma uma espécie […]
Um aceno em meio à neblina
É um bicho angustiado esse Vício Inerente, de Paul Thomas Anderson. Consegue ser, em momentos distintos, mais e menos sombrio do que o romance de Thomas Pynchon no qual se baseia (e sobre o qual escrevi aqui). O ritmo meio lento não é tão “fiel” ao andamento do livro, um pastiche de Chandler contaminado por uma […]
Ladrões e prostitutas
Numa conversa com Philip Roth (publicada em Entre nós), o escritor Isaac Bashevis Singer fala sobre o meio literário na Varsóvia dos anos 1930, antes que a Noite caísse. Havia por lá, além (óbvio) dos poloneses que escreviam em polonês, judeus que escreviam em iídiche (como Singer) e judeus que escreviam em polonês (como Schulz). Por […]
Sobre meus "filmes de papel"
Os filmes de papel de André de Leones: quando literatura e cinema se encontram é o título da dissertação de mestrado defendida por Gustavo Ramos de Souza na Universidade Estadual de Londrina. Ele investiga “como a ficção brasileira contemporânea tem absorvido e reelaborado a contaminação que sofre do cinema”, analisando meus dois primeiros romances: Hoje […]
Da 'República': as alegorias da linha e da caverna e a vida prática.
O incipit da República de Platão é uma discussão sobre a vida justa do indivíduo, mas o diálogo avança para uma investigação da ordem e da desordem na cidade, pois, nas palavras de Sócrates, “num espaço maior, talvez haja mais justiça e seja mais fácil entendê-la” (368e). O movimento especulativo, assim, parece obedecer a uma […]
O mundo perdido
Resenha publicada no Estadão em 28.02.2015. A Primeira Guerra Mundial assinalou o esgarçamento do império austro-húngaro. Poucas obras descrevem tão bem as enormes mudanças que levaram ao fim daquele mundo quanto a do judeu austríaco Joseph Roth (1894-1939), cujo ápice é justamente Marcha de Radetzky, de 1932, lançado há pouco no Brasil, com tradução e posfácio […]
A macieira
“Mais de cinquenta anos se passaram desde o fim da guerra. Esqueci muito, mesmo coisas que eram muito próximas de mim — lugares em particular, datas, e nomes de pessoas –, e mesmo assim ainda posso sentir aqueles dias em cada parte do meu corpo. Sempre que chove, faz frio, ou um vento feroz está soprando, […]
Treze verões
Mapas para as Estrelas se insere nessa espécie de subgênero “metahollywoodiano” em que já se encontram outros filmes tão ou mais estranhos, e também excelentes (e bem distintos entre si, ressalve-se), como Sunset Boulevard, O Jogador e Cidade dos Sonhos. David Cronenberg direciona a precisão que lhe é peculiar para a (re)constituição de um espaço incestuoso-psicótico, […]