Paton

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“É precisamente aí que sua importância deve ser encontrada para os dias atuais. Ele (Kant) acredita que um empirismo não mitigado destina-se a acabar num completo ceticismo, e que a única forma de evitar isso é considerar a atividade que pertence à razão em seu próprio direito. Em um tempo como o presente, quando o suposto conhecimento é reduzido à apreensão de tautologias e à recepção de dados dos sentidos, é difícil ver como o mundo pode ser feito inteligível — mesmo tão inteligível quanto parece ao homem comum. É ainda mais difícil ver como podemos ter quaisquer princípios de conduta; e de fato o problema da ação moral tende a ser tratado como uma questão de explicar — ou não explicar — crenças morais nos termos de uma teoria do conhecimento que tem sido adotada sobre outras bases bem distintas, e puramente teóricas. O resultado é que inevitavelmente as nossas vontades, em vez de serem guiadas por princípios inteligíveis, são entregues aos meros caprichos ou à autoindulgência ou à tradição ou mesmo ao fanatismo, sendo que os últimos três não passam de formas particulares de capricho. E a doutrina inteira deve levar, como já o fez no caso de Hume, ao ceticismo no que concerne à própria existência de algo como a mente humana.”

H. J. Paton em The Categorical Imperative – A Study in Kant’s Moral Philosophy  (University of Pennsylvania Press: Philadelphia, 1971). A citação está na página 30.
A tradução é caseira em todos os sentidos, mas acho que está legível.