Categoria: Resenhas

Chandler

“Raymond Chandler (1888-1959) é, ao lado de Dashiell Hammett, um dos alicerces da literatura noir norte-americana, especialmente no âmbito do que se convencionou chamar de hard-boiled. Espécie de subgênero, o hard-boiled é muitíssimo bem representado por personagens como os detetives particulares Sam Spade (criação de Hammett) e Philip Marlowe (concebido por Chandler). Nas narrativas protagonizadas […]

Distopia cotidiana

Resenha publicada em 20.09.2014 no Estadão. Ao contrário do que em geral acontece, há uma verdade na orelha do livro de contos Um Homem Burro Morreu: “O escritor Rafael Sperling é sem noção”. A falta de noção não é um problema, mas o combustível que alimenta os 27 contos (mais um epílogo) deste que é o […]

Ao redor e de volta ao começo

Resenha publicada em 26.07.2014 no Estadão. Os Luminares é uma espécie de quebra-cabeças que vai se esfarelando. É como se, no decorrer da montagem, perdêssemos o interesse pelo todo da paisagem e nos atêssemos a determinadas peças e conjuntos de peças, a certos recortes. Com suas quase novecentas páginas que se permitem ler sem maiores […]

Da memória à ficção

Resenha publicada no Estadão em 13.07.2014. Dois novos livros da contista canadense Alice Munro, premiada com o Nobel de Literatura em 2013, chegaram às livrarias brasileiras. Fugitiva é, na verdade, um relançamento, com nova tradução, de uma irrepreensível coletânea de contos. A Vista de Castle Rock é, conforme definido pela autora no prefácio, um conjunto de histórias […]

A antipornografia de Jelinek

Resenha publicada em 23.08.2013 no Estadão. O romance Desejo, de Elfriede Jelinek, é um dos mais polêmicos da escritora austríaca, agraciada com o Prêmio Nobel de Literatura em 2004. Quando lançado na Alemanha, em 1989, e a exemplo de outros trabalhos da autora, a reação crítica foi controversa, para dizer o mínimo. Muitos até hoje […]

Crônica de devastações

Resenha publicada em 13.06.2014 no Estadão. Desde que estreou na literatura com No bosque da memória, agraciado com um prestigioso Edgar Award em 2008, Tana French vem se dedicando a esquadrinhar a fictícia Divisão de Homicídios da polícia de Dublin. Ela o faz alternando os narradores-protagonistas de suas longas e minuciosas narrativas. Porto Inseguro é […]

Cartografia humana

Resenha publicada em 07.06.2014 no Estadão. Em seu quarto romance, a londrina Zadie Smith ajoelha-se no asfalto da cidade, cola o ouvido no chão e, a partir do que escuta, traça uma bela cartografia humana. Desde o título, NW se refere a uma região específica da capital inglesa (Noroeste) e acompanha seus personagens enquanto eles […]

Monteiro

Resenha publicada no Estadão em 17.05.2014. O romance Aspades ETs etc. foi o primeiro do também poeta e cineasta pernambucano Fernando Monteiro. Escrito em 1995, ano em que se celebrou o centenário do cinema, saiu primeiro em Portugal, em 1997, pela extinta Campo das Letras, e apenas em 2000 ganharia uma edição brasileira, pela Record. […]

A rarefação do luto

Há uma passagem de Altos voos e quedas livres em que o escritor inglês Julian Barnes, falando sobre a “perda de profundidade” inerente ao luto, aborda o seu aspecto, por assim dizer, contingenciador: a pessoa morta “não existe realmente no presente, e não inteiramente no passado, mas num tempo de verbo intermediário, o passado-presente”. A […]

Distopia brutalista

Resenha publicada em 31.03.2013 no Estadão. Distopias são frequentes na literatura e no cinema. O sucesso de Jogos Vorazes, de Suzanne Collins, e, antes, de investidas tão díspares (e bem superiores) como as de Aldous Huxley (Admirável Mundo Novo) e George Orwell (1984), se dá porque vivemos em um status quo mais ou menos similar. […]