Autor: André de Leones

Queimando

Um trecho do meu romance Terra de casas vazias (Rocco, 2013). Aureliano contornou um Monza preto que alguém estacionara sobre a calçada e já se preparava para bater palmas quando notou a figura sentada no meio-fio, alguns metros abaixo. Soube de imediato. Aproximou-se da garota. Ela mexia os dedos dos pés descalços e tinha os […]

Distopia cotidiana

Resenha publicada em 20.09.2014 no Estadão. Ao contrário do que em geral acontece, há uma verdade na orelha do livro de contos Um Homem Burro Morreu: “O escritor Rafael Sperling é sem noção”. A falta de noção não é um problema, mas o combustível que alimenta os 27 contos (mais um epílogo) deste que é o […]

Paz na Terra entre os monstros

Ficção (*). I POEIRA E FANTASMAS Sozinha e cheia de coisas na espelunca (à espera do fim?), a garçonete ajeita o vestido e os cabelos e considera cuspir de lado. Reconsidera e não cospe, farta de porcas porcarias. Estatelada sozinha e cheia de coisas na espelunca, à espera do fim, só que ainda não sabe […]

Assis Brasil sobre o "Dia Morto"

Abaixo, o texto que o escritor e professor Luiz Antonio de Assis Brasil escreveu para as orelhas de Hoje está um dia morto, meu romance de estreia, agraciado com o Prêmio Sesc de Literatura 2005. AS IDEIAS E AS FORMAS DE DIZÊ-LAS Esta ficção trata de um tema bastante comum na vida moderna: a falta […]

Teatro

O programa estava perto do fim quando a entrevistadora perguntou à atriz se a atriz usava salto ou rasteirinha e a atriz disse que preferia rasteirinha, mal conseguia andar de salto, era uma tortura, e além disso é bom manter os pés bem perto do chão, não é mesmo?, e elas riram um pouco. Em […]

Ao redor e de volta ao começo

Resenha publicada em 26.07.2014 no Estadão. Os Luminares é uma espécie de quebra-cabeças que vai se esfarelando. É como se, no decorrer da montagem, perdêssemos o interesse pelo todo da paisagem e nos atêssemos a determinadas peças e conjuntos de peças, a certos recortes. Com suas quase novecentas páginas que se permitem ler sem maiores […]

Da memória à ficção

Resenha publicada no Estadão em 13.07.2014. Dois novos livros da contista canadense Alice Munro, premiada com o Nobel de Literatura em 2013, chegaram às livrarias brasileiras. Fugitiva é, na verdade, um relançamento, com nova tradução, de uma irrepreensível coletânea de contos. A Vista de Castle Rock é, conforme definido pela autora no prefácio, um conjunto de histórias […]

"Como desaparecer" digitalmente

COMO DESAPARECER COMPLETAMENTE é o meu segundo romance. Chegou às livrarias em 2010 e, agora, acaba de ganhar também uma edição digital nos diversos formatos. Aí vão os links: Amazon, Cultura, Livrarias Curitiba, Google Play, IBA, Gato Sabido e mais. Se quiser saber um pouco mais sobre o livro, escrevi a respeito dele AQUI e publiquei um trecho AQUI.

A antipornografia de Jelinek

Resenha publicada em 23.08.2013 no Estadão. O romance Desejo, de Elfriede Jelinek, é um dos mais polêmicos da escritora austríaca, agraciada com o Prêmio Nobel de Literatura em 2004. Quando lançado na Alemanha, em 1989, e a exemplo de outros trabalhos da autora, a reação crítica foi controversa, para dizer o mínimo. Muitos até hoje […]

Crônica de devastações

Resenha publicada em 13.06.2014 no Estadão. Desde que estreou na literatura com No bosque da memória, agraciado com um prestigioso Edgar Award em 2008, Tana French vem se dedicando a esquadrinhar a fictícia Divisão de Homicídios da polícia de Dublin. Ela o faz alternando os narradores-protagonistas de suas longas e minuciosas narrativas. Porto Inseguro é […]