Autor: André de Leones

Canto LXXVI

“E o sol”: Hélio, a presença divina no mundo. Pound parece se imaginar em casa, em Rapallo, assistindo ao nascer do sol. “dove sta memora”, “onde vive a memória”: da tradução de Pound de Donna mi prega. “Signora Agresti”: a britânica Olivia Rossetti Agresti (1875-1960) foi uma ativista e intelectual, filha do crítico de arte […]

Canto LXXV

“Flegetonte” é um rio de fogo no Hades. Ele também corre pelo Inferno de Dante (v. Canto XII, 46–48; 103-138; a gravura acima é de Gustave Doré), lá descrito como um rio de fogo e sangue fervente no qual estão imersos aqueles que, em vida, cometeram crimes violentos (os tiranos mergulhados até os olhos; os homicidas, […]

Os Cantos Pisanos LXXIV-LXXXIV (1948)

CANTO LXXIV Da gaiola, Pound vê & alucina o mundo. Mussolini está morto. O poeta está só. Resumo/reavaliação/retomada do projeto dos Cantos, para o bem (poesia) e para o mal (política). CANTO LXXV Para fora do Flegetonte (e do inferno). Münch rearranja Francesco da Milano, que rearranjou Janequin: “O canto dos pássaros”. A forma dinâmica […]

Canto LXXIV

Pound permaneceu na Itália durante a Segunda Guerra Mundial. Uma de suas poucas fontes de renda era um programa que apresentava na Rádio Roma, no qual falava sobre literatura, política etc. Após o ataque japonês a Pearl Harbor, ele chegou a pedir para ser repatriado, mas isso não lhe foi concedido. No rádio, dentre outras […]

Jogo de adiamentos

O quinto capítulo do Ulysses, de James Joyce, parodia o episódio dos lotófagos, parte integrante do canto IX da Odisseia de Homero. Recém-saído de casa, Leopold Bloom palmilha por Dublin enquanto não chega a hora de comparecer ao funeral de um conhecido, Paddy Dignam. Será em torno do enterro de Dignam que vai girar a sombria […]

No deserto em expansão

Um trecho de VENTO DE QUEIMADA, meu novo romance. Lançamento em maio, pela Record. Mais informações AQUI. No hotel, toma um banho e veste a mesma camiseta, outro jeans, outra jaqueta, depois coloca as roupas usadas em uma sacola plástica que resgata do fundo da mochila. Precisa se livrar delas. Precisa se livrar de tudo. […]

Limpeza e sujidade

Artigo publicado n’O Popular em 07.03.2023. Que tal essa ideia de “editar” A Fantástica Fábrica de Chocolate e outros livros de Roald Dahl e os romances de Ian Fleming protagonizados por James Bond. Os editores estão limpando os textos de quaisquer termos e expressões ofensivos. No caso de Dahl, por exemplo, também serão extirpadas referências […]

O hóspede caminha pela casa

Texto publicado n’O Popular em 07.02.2023. Foram trinta dias de hospedagem. Um mês. Imagino o clima na casa do lutador durante esse período. Imagino o hóspede circulando por ali. Sobrevivendo, ou quase. Exibindo as fraturas expostas. Lambendo as feridas purulentas. Reclamando dos cortes e escoriações. Comendo as próprias entranhas. Trinta dias. Alguns momentos de euforia […]

“Vento de queimada” – orelhas

  VENTO DE QUEIMADA, meu novo romance, está chegando às livrarias. Aí vai o texto das orelhas assinado por ninguém menos que Luisa Geisler. ****** “Goiás, DF: nosso velho (centro-)oeste”, isso define Vento de queimada. Um Tarantino tropical, mas não tanto, já que é seco. Seco em linguagem, seco em personagens. Enquanto nos movemos, vamos […]