Autor: André de Leones

Cadarços

Ficção.     1. Meu primo andava preocupado por aqueles dias (os dias que precederam a fatalidade), precisava dar baixa em uma empresa para que pudesse abrir outra, dessas coisas burocráticas que, de uns tempos para cá, mais do que nunca, a gente precisa fazer para que nos autorizem a fazer outra coisa burocrática. Ao […]

Canto VII

Dando continuidade ao Canto anterior, seguimos com Eleonora, e “ela se consumia num clima britânico”: o casamento com Henrique II se deteriorou com o tempo, e ela chegou a ser aprisionada por mais de quinze anos (1173-1189), primeiro no Castelo de Chinon, depois em Salisbury e outros lugares, por ter se aliado aos filhos Henrique, […]

Canto VI

“Sabemos o que fez você”: referência à Odisseia XII, 184-191, as sereias cantando para Odisseu. ‘Aproxima, Odisseu, plurifamoso, glória argiva. Escuta nossa voz, a voz das duas! Em negra nau, ninguém bordeja por aqui sem auscultar o timbre-mel de nossa boca e, em gáudio, viajar ampliando sua sabença, pois conhecemos tudo o que os aqueus e […]

Canto V

  A “noiva”, depois “Ecbátana”: Pound se refere ao Canto anterior ao mesmo tempo em que dá prosseguimento à sua jornada, no tempo histórico/mitológico e fora dele (tempo poético), pois “o relógio bate e se esvai”. Iâmblico (c.245-c.325) foi um filósofo sírio neoplatônico. As “almas ascendendo / Centelhas como turba de perdizes, / Como o […]

Canto IV

  “Troia, só destroços de muralhas fumegantes”: referência às Troianas, de Eurípedes¹, quando, na primeira cena, Posêidon visita a cidade devastada — Eu, Posêidon, chego após deixar o salgado Egeu, o fundo do mar, onde coros de Nereidas desenlaçam do pé o mais belo rastro. Sim, desde que, ao redor desta terra troiana, Febo e […]

Canto III

  Deste Canto até o VII, temos exemplos do imagismo poundiano, ecoando a técnica desenvolvida e utilizada em obras anteriores do poeta. E transitamos pelo Mediterrâneo, seguimos com as referências mitológicas e renascentistas, Safo, El Cid, com as histórias dos trovadores etc. Antes de abordar o Canto, algumas linhas de Mário Faustino sobre o imagismo: […]

Canto II

  Sordello é um poema narrativo de Robert Browning (1812-1889), escrito entre 1836 e 1840, quando foi lançado. É tido como uma das obras mais difíceis da literatura inglesa. Pound cogitou se inspirar no poema de Browning (conforme ele próprio assinala em Three Cantos I) para escrever os Cantos, mas optou por conceber algo distinto, o […]

Um esquema de XXX Cantos (1930)

CANTO I Nekyia homérica via Andreas Divus. Preparação. Invocação da Musa: Afrodite. CANTO II Metamorfoses em sucessão: Proteu. Sordello(s), Eleonora, Helena. Dionísio reconhecido por Acetes. CANTO III Pound na Itália. Morada(s) de Koré. Perséfone, El Cid, Inês de Castro. CANTO IV Ruínas troianas, ruínas amorosas. Tereu, Procne, Filomela: Et ter flebiliter, Ityn. Cabestan. Actéon/Peire Vidal. […]

Canto I

  Pound inicia a obra com uma tradução de parte do canto XI d’A Odisseia de Homero. Ele não recorre diretamente ao original grego, mas à tradução latina do renascentista Andreas Divus, datada de 1538. Ou seja, trata-se da tradução de uma tradução. Em todo caso, ler ou reler o referido canto (sugiro a tradução de […]