Autor: André de Leones

Pynchon 80

Thomas Pynchon completa oitenta anos hoje. É um dos prediletos nesta casa desde que, duas semanas antes do Natal de 2004, tropecei em um exemplar de O Arco-Íris da Gravidade. Foi na rodoviária de Goiânia. O exemplar estava com cinquenta por cento de desconto porque a livraria, prestes a fechar de uma vez por todas, […]

Fimnício

Terminei outro dia a leitura do Finnegans Wake, de James Joyce. Usei a edição da Penguin com introdução de John Bishop e a tradução de Donaldo Schüler lançada em cinco volumes pela Ateliê. Os posts que escrevi (links abaixo) são anotações feitas desorganizadamente no decorrer da travessia. Muito embora eu tenha lido o romance de forma linear […]

FW – notas (IV)

O sono oblitera o real: o olho se cala na indistinção final dos rumos. Orides Fontela, em Acalantos. ::: First we feel. Then we fall, diz Ana Livia Plurabelle no décimo-sétimo e último capítulo do romance. “Primeiro sentimos. Então falimos”, traduz Donaldo Schüler. E é disso que trata o desfecho: ela se desfaz no “vasto leitoazul-celeste”, […]

FW – notas (III)

::: A ideia de que, em/para uma primeira leitura, seja possível abordar o Finnegans Wake a partir de qualquer ponto ou capítulo me parece despropositada. Por mais que sua estrutura seja circular (olá, Giambattista) e o fim aponte para o começo, há um desenvolvimento narrativo que só é plenamente perceptível e apreciável por meio de leitura e […]

FW – notas (II)

::: Instaurada a cena (HCE), o segundo capítulo do Livro I trata de contaminá-la com o obsceno. Se, comparativamente ao diurno Ulysses, o Finnegans Wake se coloca contra o dia, o capítulo se põe/insurge contra a cena. É obscenus, mas também obscaenum, onde caenum remete à sujidade: no “nosso mais esplêndido parque”, HCE é confrontado por um sujeito de aspecto “luciferante”, alguém […]

Kentucky fried zombies

O apocalipse chegou ao EUA. Mais precisamente, à Universidade do Kentucky, em Lexington. Hoje, a professora Emanuelle Oliveira-Monte apresentou Zombie Apocalypse in São Paulo: Fantastic and Alterity in André de Leones’ Dentes negros. A fala integra o painel “The Fantastic in Brazil: An Exploration of the Political, Psychological, and Literary Implications of the Fantastic Genre, […]

Notas sobre “Cavaleiro de Copas”

::: Cavaleiro de Copas investe em uma fluidez que acentua exatamente a fragmentação e o esgarçamento de seus personagens. Terrence Malick radicaliza procedimentos fílmicos semeados em Árvore da Vida e regados em Amor Pleno. Elementos deste e daquele comparecem no longa de 2015, mas, no lugar da possibilidade da aceitação dolorosa dos silêncios de D’us (em […]

A caminho

Trabalho em um novo romance há algum tempo. O título provisório é Eufrates. É um livro que estruturalmente se assemelha mais a Terra de casas vazias que ao seu antecessor direto, Abaixo do paraíso. Histórias paralelas, tramas dispersas no tempo (de 1991 a 2013) e no espaço (São Paulo, Buenos Aires, Brasília, Jerusalém — mais […]

28 anos hoje

Vinte e oito anos desde o Desastre de Hillsborough, em que noventa e seis homens, mulheres e crianças, torcedores do Liverpool, perderam suas vidas. Apenas no ano passado a justiça começou a ser feita. É só o começo. YNWA.

FW – notas

::: Lendo Finnegans Wake, de James Joyce. Lendo Finnicius Revém (cinco volumes, alguns dos quais esgotados, ed. Ateliê), a tradução de Donaldo Schüler. Lendo, lendo, lendo. ::: A História como um pesadelo cíclico, confirmado pela própria estrutura do romance, um círculo completo que anoitece e amanhece conforme (ainda que disformemente) as quatro idades viconianas: teocrática, aristocrática, democrática […]