Autor: André de Leones

FW – notas (II)

::: Instaurada a cena (HCE), o segundo capítulo do Livro I trata de contaminá-la com o obsceno. Se, comparativamente ao diurno Ulysses, o Finnegans Wake se coloca contra o dia, o capítulo se põe/insurge contra a cena. É obscenus, mas também obscaenum, onde caenum remete à sujidade: no “nosso mais esplêndido parque”, HCE é confrontado por um sujeito de aspecto “luciferante”, alguém […]

Kentucky fried zombies

O apocalipse chegou ao EUA. Mais precisamente, à Universidade do Kentucky, em Lexington. Hoje, a professora Emanuelle Oliveira-Monte apresentou Zombie Apocalypse in São Paulo: Fantastic and Alterity in André de Leones’ Dentes negros. A fala integra o painel “The Fantastic in Brazil: An Exploration of the Political, Psychological, and Literary Implications of the Fantastic Genre, […]

Notas sobre “Cavaleiro de Copas”

::: Cavaleiro de Copas investe em uma fluidez que acentua exatamente a fragmentação e o esgarçamento de seus personagens. Terrence Malick radicaliza procedimentos fílmicos semeados em Árvore da Vida e regados em Amor Pleno. Elementos deste e daquele comparecem no longa de 2015, mas, no lugar da possibilidade da aceitação dolorosa dos silêncios de D’us (em […]

A caminho

Trabalho em um novo romance há algum tempo. O título provisório é Eufrates. É um livro que estruturalmente se assemelha mais a Terra de casas vazias que ao seu antecessor direto, Abaixo do paraíso. Histórias paralelas, tramas dispersas no tempo (de 1991 a 2013) e no espaço (São Paulo, Buenos Aires, Brasília, Jerusalém — mais […]

28 anos hoje

Vinte e oito anos desde o Desastre de Hillsborough, em que noventa e seis homens, mulheres e crianças, torcedores do Liverpool, perderam suas vidas. Apenas no ano passado a justiça começou a ser feita. É só o começo. YNWA.

FW – notas

::: Lendo Finnegans Wake, de James Joyce. Lendo Finnicius Revém (cinco volumes, alguns dos quais esgotados, ed. Ateliê), a tradução de Donaldo Schüler. Lendo, lendo, lendo. ::: A História como um pesadelo cíclico, confirmado pela própria estrutura do romance, um círculo completo que anoitece e amanhece conforme (ainda que disformemente) as quatro idades viconianas: teocrática, aristocrática, democrática […]

Da palavra crua

João Gilberto Noll (1946-2017) “É o seguinte: eu sinto meus personagens como seres projetados do inconsciente para a tela. Como os pintores expressionistas, que costumavam projetar a tinta na tela, não preocupados de antemão com as significações daquilo. Se eu tiver alguma coisa a oferecer ao leitor, isso vem do fato de que eles – […]

A ambiguidade do fogo

Martin Scorsese, que flertou seriamente com a possibilidade de se tornar padre antes de optar pela carreira de cineasta, levou décadas para viabilizar sua adaptação do romance Silêncio, de Shusaku Endo. É um filme no qual ele volta a (se) debater (diante de) questões teológicas de primeira ordem — inclusive no que, mal comparando, tal expressão remete […]