Categoria: Leituras

Um espaço de transição

Trecho de O Último Grito, de Thomas Pynchon. Nenhuma notícia de Horst até agora. Ela tenta não se preocupar, acreditar no que ela mesma disse aos meninos, mas está preocupada, sim. Aquela noite, bem tarde, depois que os meninos vão se deitar, ela fica acordada diante da televisão, cochilando, sendo acordada por microssonhos de alguém […]

Charles

Certa vez, em uma aula sobre Peirce, o professor me explicou: “O geral não aparece, não pode ser apontado topicamente. O universal é espaço-temporalmente contínuo, não extenso. Só pode ser alcançado inferencialmente”. E depois eu li no livro desse mesmo professor: “Do viés epistemológico, a recusa do incogonoscível traduz-se na recusa da brutalidade do inexplicável; […]

Encruzilhada (II)

“Sim, a literatura não cura, é paliativo. Contudo, a ela devo não me ter suicidado quando perdi a Fé, escapado ao hospício (Para lá quase me conduziram as taras de uma família de líricos, capitães de navios negreiros, fazendeiros-poetas e um pintor de igrejas). Sei que ela me reconduzirá a Deus, já que me reconduziu […]

Encruzilhada

“Quando a destruição de Israel teve início, Isaac Bloch estava se decidindo entre o suicídio e o exílio judaico”, escreve Jonathan Safran Foer logo no começo de Aqui Estou (Rocco). Estive diante de tal dilema em 2009. Optei por uma Guinness no pub hierosolimita Stardust e, tempos depois, citando Montale, enfim encontrei aquele modus moriendi que não […]

Candido, RIP

Antonio Candido faleceu. A pobreza anímico-conceitual de sua obra foi esmiuçada por Martim Vasques da Cunha em A Poeira da Glória, mais especificamente no capítulo “A invasão do abismo”, do qual transcrevo alguns trechos abaixo. “(…) Candido tem outras intenções ao criar a linhagem de sua ‘formação’. Ele não está preocupado com a literatura em […]

Fimnício

Terminei outro dia a leitura do Finnegans Wake, de James Joyce. Usei a edição da Penguin com introdução de John Bishop e a tradução de Donaldo Schüler lançada em cinco volumes pela Ateliê. Os posts que escrevi (links abaixo) são anotações feitas desorganizadamente no decorrer da travessia. Muito embora eu tenha lido o romance de forma linear […]

FW – notas (IV)

O sono oblitera o real: o olho se cala na indistinção final dos rumos. Orides Fontela, em Acalantos. ::: First we feel. Then we fall, diz Ana Livia Plurabelle no décimo-sétimo e último capítulo do romance. “Primeiro sentimos. Então falimos”, traduz Donaldo Schüler. E é disso que trata o desfecho: ela se desfaz no “vasto leitoazul-celeste”, […]

FW – notas (III)

::: A ideia de que, em/para uma primeira leitura, seja possível abordar o Finnegans Wake a partir de qualquer ponto ou capítulo me parece despropositada. Por mais que sua estrutura seja circular (olá, Giambattista) e o fim aponte para o começo, há um desenvolvimento narrativo que só é plenamente perceptível e apreciável por meio de leitura e […]