Uma leitura de Nobel, de Jacques Fux. Artigo publicado no site da revista CULT. No oceano de picaretagem que cerca as ilhas desoladas que são os meios literário e acadêmico brasileiros, poucas noções (pois raras são aquelas que, hodiernamente, chegam a ser conceitos) navegam com tanta facilidade e são tão constrangedoras quanto a de “autoficção”. […]
Categoria: Leituras
Fichte
No capítulo 20 da segunda parte do formidável Explosão, Hubert Fichte primeiro transcreve burocraticamente uma entrevista que fez com Salvador Allende, e depois, de forma inesperada e quase onírica, narra um inadvertido encontro com Jorge Luis Borges. A justaposição dos encontros, a enorme diferença com que cada um deles é abordado, a carga poética de […]
“In God’s name, when was that?”
“The path took Henry Pimber past the slag across the meadow creek where his only hornbeam hardened slowly in the southern shadow of the ridge and the trees of the separating wood began in rows as the lean road in his dream began, narrowing to nothing in the blank horizon, for train rails narrow behind […]
Humboldt
Voltei a O Legado de Humboldt uns vinte anos após a primeira leitura. É um dos livros que fizeram a minha cabeça naquela idade ébria para os que têm senso de humor e insuportável para os que têm um pingo de bom senso (eu gostava de pensar que tinha um pouco de cada) (estava errado, é […]
Você e eu somos reais, não somos?
David olhava pela janela. — Teddy, sabe no que é que eu estava pensando? Como é que a gente distingue as coisas que são reais das que não são? O ursinho rearranjou suas alternativas. — Coisas reais são boas. — E será que o tempo é bom? Eu acho que a mamãe não gosta muito […]
Não se preocupe
“Eu morava numa casa de oitocentos metros quadrados dispostos em quatro pavimentos. O que inviabilizou nossa permanência nessa casa foi meu pai ter sido colocado em definitivo na cadeira de rodas. A entrada nos setenta acelerou uma debilitação que até então fora branda, um calmo exercício de evacuação feito pela brigada de incêndio sucedido pelo […]
Dr. Bucéfalo
“(…) Hoje — isso ninguém pode negar — não existe grande Alexandre. É verdade que muitos sabem matar; também não falta habilidade para atingir o amigo com a lança sobre a mesa do banquete; e para muitos a Macedônia é estreita demais, a ponto de amaldiçoarem Filipe, o pai — mas ninguém, ninguém, sabe guiar […]
Não confie em ninguém
No Blog da editora Intrínseca, texto meu sobre o divertido Por trás de seus olhos, de Sarah Pinborough. Leia AQUI.
Um espaço de transição
Trecho de O Último Grito, de Thomas Pynchon. Nenhuma notícia de Horst até agora. Ela tenta não se preocupar, acreditar no que ela mesma disse aos meninos, mas está preocupada, sim. Aquela noite, bem tarde, depois que os meninos vão se deitar, ela fica acordada diante da televisão, cochilando, sendo acordada por microssonhos de alguém […]
Charles
Certa vez, em uma aula sobre Peirce, o professor me explicou: “O geral não aparece, não pode ser apontado topicamente. O universal é espaço-temporalmente contínuo, não extenso. Só pode ser alcançado inferencialmente”. E depois eu li no livro desse mesmo professor: “Do viés epistemológico, a recusa do incogonoscível traduz-se na recusa da brutalidade do inexplicável; […]