Categoria: Coisas que a gente vê no escuro

A vida de Brian

Sempre amei o trabalho de cineastas capazes de construir filmes a partir de ideias puramente cinemáticas, desenvolvendo toda uma gramática visual que fundamente, antes de qualquer outro elemento (incluindo o roteiro), a história que se desenrola na tela. Alfred Hitchcock é o exemplo mais óbvio desse tipo de criador (e, não por acaso e para o […]

Círculos

1. O primeiro contato que tive com o cinema de Denis Villeneuve foi em 2011, com o lancinante Incêndios, seu quarto longa de ficção (também dirigiu curtas, programas de TV e um dos segmentos do documentário Happiness Bound). Desgostei dos dois filmes que ele lançou a seguir (algo me diz que preciso rever Os Suspeitos, mas O Homem Duplicado […]

Uma mesa muito velha, devorada por cupins

Há poucos anos, quando vi O Som ao Redor, longa de estreia de Kleber Mendonça Filho, escrevi sobre a sutileza daquele filme, sobre como ele desvelava (em vez de pontificar, discursar, panfletar) alguns aspectos do apartheid brasileiro e passeava, na maior parte do tempo de maneira invulgar, por esse enorme fosso em que todos vivemos. Infelizmente, não […]

A frialdade do tabuleiro

A paixão por contar histórias está lá, intacta. É o que mais me apaixona não só n’Os Oito Odiados, mas em toda a filmografia de Quentin Tarantino. São filmes cuja afabilidade para com o espectador é impressionante. Sim, afabilidade. Mesmo com toda a violência, estamos seguros. Estamos do lado do Narrador. Ele se aproxima, senta-se perto da […]

Geografia humana

Alice nas Cidades, quarto longa de Wim Wenders, ainda não vislumbra ou se angustia com o fim do cinema, mas trabalha com ternura e sem afetação alguns de seus fins, a saber: mostrar, comunicar, levar a algum lugar, levar a outrem. O filme inspirou Central do Brasil, de Walter Salles, ao menos no que diz respeito […]

Treze verões

Mapas para as Estrelas se insere nessa espécie de subgênero “metahollywoodiano” em que já se encontram outros filmes tão ou mais estranhos, e também excelentes (e bem distintos entre si, ressalve-se), como Sunset Boulevard, O Jogador e Cidade dos Sonhos. David Cronenberg direciona a precisão que lhe é peculiar para a (re)constituição de um espaço incestuoso-psicótico, […]