“esprit de corps”: Pound cita uma carta de Jefferson para Albert Gallatin (13 de dezembro de 1803), em que o norte-americano enumera as vantagens da rotatividade dos congressistas dos EUA.
“De banchis cambi tenendi…”, “banco de câmbio”: citação de Storia delle banche, de Pietro Rota. Em 1361, o senado veneziano discutiu a necessidade da criação de bancos para regular as taxas e as transações entre os diversos estados. No entanto, foi apenas em 1584 (“guardado por uns dois séculos”) que o primeiro banco público foi criado na cidade, o Banco della Piazza del Rialto.
“sete merlins”: no original, “seven marlin”, isto é, “espadins”. De uma carta de Hemingway para Pound, 22 de julho de 1933.
“Peabody”: George Peabody (1795-1869), banqueiro norte-americano, especializou-se em canalizar investimentos britânicos para os EUA. Era um concorrente dos Rothschild. Em 1857, durante uma crise, o Bank of England tentou arruiná-lo ao recusar um empréstimo substancial.
“D’ARCY”: William Knox D’Arcy (1849-1917), negociante britânico que investiu na prospecção de petróleo na Pérsia. Criou a Anglo-Persian Oil Company.
“’62, relatório do comitê”: em 1862, um comitê do congresso dos EUA investigou e identificou várias fraudes cometidas durante a Guerra Civil, algumas delas pelo banqueiro John Pierpont Morgan (1837-1913), que vendeu armas danificadas que pertenciam à União para a própria União, lucrando horrores com isso. No ano seguinte, e isso também é mencionado no Canto (“por forçar a alta do ouro”), Morgan comprou uma grande quantidade de ouro a um preço baixo e enviou a metade para a Inglaterra; com a escassez de ouro no mercado dos EUA, o preço foi às alturas. Além disso, o preço do ouro subia com as vitórias dos Confederados e caía com as vitórias da União, fato mencionado pela fonte de Pound (Lewis Corey, House of Morgan).
“Boutwell”: George S. Boutwell (1818-1905), político de Massachusetts, foi Secretário do Tesouro no governo de Ulysses Grant (1869-73).
“A igreja de Beecher”: Henry Ward Beecher (1813-87), da Plymouth Church, no Brooklyn, Nova York, e irmão de Harriet Beecher Stowe.
“Belmont representando os Rothschild”: August Belmont (1816-90), financista e político de ascendência judia. Nascido na Alemanha, aprendeu o ofício no banco dos Rothschild em Frankfurt. Enviado por eles para representar seus interesses nos EUA, chegou a Nova York em meio ao Pânico de 1837. Fundou a bem-sucedida firma de investimentos Belmont & Co., participou ativamente do Partido Democrata (então escravista e apoiador do Sul).
“… nenhuma instituição central”: referência à crise de 1907, que contribuiu para a criação do Federal Reserve poucos anos depois.
“A investigação de Pujo”: Arsène Paulin Pujo (1861-39), advogado e congressista pela Louisiana, presidiu um subcomitê que investigou a criação de monopólios por banqueiros de Wall Street. Eles descobriram que poucos financistas controlavam as manufaturas, os transportes, as minas, as telecomunicações e os mercados financeiros. No caso, corporações controladas por Morgan, George F. Baker (presidente do First National Bank, o “tenente” de Morgan, segundo Corey) e James Stillman. Essas descobertas levaram à ratificação da 16ª Emenda, à criação do Federal Reserve e à aprovação do Clayton Antitrust Act.
“Palladio”: Andrea Palladio (1518-1580), arquiteto nascido em Pádua, trabalhou em Veneza e região.
“ÁGALMA”: ornamento.
“… procurando uma saída”: transição para a segunda parte do Canto, dedicada à viagem do cartaginês Hanno (ou Hanão) pela costa oeste africana, em c. 470 a.C. Hanno fundou sete cidades no litoral marroquino, todas elas citadas no decorrer do Canto: Thumiatehyon (atual Mehdia), Karikon, Gutta, Akra, Meli e Arambo. Os “pilares de Herakles” correspondem ao Estreito de Gibraltar. “Lixos” (ou Lixus”) era o nome antigo do rio Draal, o mais extenso do Marrocos. “Lixtus” são a Cordilheira do Atlas. “Xrestes”: o rio Senegal, provavelmente. A “ampla baía ou estuário” pode ser a boca do rio Gâmbia.
“De tais coisas procurando uma saída”: paralelismo entre a corrupção nos EUA mencionada anteriormente e a viagem de saques e colonização empreendida por Hanno.
“empíreo”: ἔμπυρος, “em fogo”, a parte mais elevada do Paraíso (conforme Dante, Paraíso XXXI).
“Nous”: aqui, refere-se ao mundo platônico/neoplatônico das ideias.
“Karxedonion Basileos”, “[do] rei dos cartagineses”.
“templo”: o templo fenício de Baal, onde Hanno gravou em uma estela votiva o relato de sua viagem ou périplo pela África.