Ensaio publicado no Cândido em 01.2020. 1. Neto de fazendeiros, o norte-americano John Edward Williams nasceu em 1922 e foi criado no nordeste do Texas. Embora demonstrasse talento para as letras, foi reprovado em seu primeiro ano de faculdade. Nos meses seguintes, trabalhou em jornais e estações de rádio locais, até se juntar à força […]
Categoria: Leituras
Pynchon: links
No decorrer dos anos, tenho escrito um bocado sobre vários dos livros de Thomas Pynchon. Abaixo, os links. Resenhei Vício Inerente para O Globo em dezembro de 2010. Leia AQUI. Voltei ao mesmo livro em 2015 e desovei mais alguns parágrafos a respeito dele AQUI. Também para O Globo, resenhei Contra o Dia em abril […]
Fome(s)
1. J R¹ é o segundo e premiado romance de William Gaddis. Lançado em 1975, vinte anos após sua estreia com o soberbo The Recognitions², é uma sátira selvagemente engraçada da América corporativa (“what America’s all about”, dizem vários personagens no decorrer do livro) e também uma reflexão pungente sobre o (não) lugar do artista no […]
Do silêncio armado
À memória de Aldair da Silveira Aires. 1. Na obra caudalosa do mato-grossense Ricardo Guilherme Dicke (1936-2008), o diabo não está “na rua, no meio do redemoinho”, mas surdamente exposto, nu e às vistas de todos, tomando os nossos olhos para si. Madona dos Páramos¹, romance maior do autor, é um épico da incompletude, […]
Dos reconhecimentos possíveis
— Mas você está… você está trabalhando. Você é um artista? — Sim, e vivi como um ladrão. 1. The Recognitions¹ é o romance de estreia do nova-iorquino William Gaddis (1922-1998). Quando de seu lançamento, em 1955, foi massacrado pela crítica (que, salvo por algumas raras exceções, nem se deu ao trabalho de ler o calhamaço de […]
Hanói
Texto publicado hoje n’O Popular. Hanói é um lugar para morrer. Morre-se em todo e qualquer lugar, mas David, trinta e poucos anos, doente terminal e protagonista do romance Hanói (Alfaguara), de Adriana Lisboa, escolhe a cidade vietnamita. É uma vontade dele, viajar, passar ali seus últimos dias. Escolha tão gratuita e casual como foi […]
Banville e a memória
Texto publicado hoje n’O Popular (outra versão desse texto saiu no Estadão em meados de 2013). A memória é uma dança de espelhos, e os reflexos que distinguimos aqui e ali raramente são confiáveis. O narrador e protagonista de Luz Antiga, Alexander Cleave, tem plena consciência disso. O romance de John Banville fecha uma trilogia […]
Tezza
As pessoas não estão preocupadas com a prisão do Lula, mas com o preço do abacate, na medida em que você não tem uma quebra institucional brutal [no país]. O Brasil é impressionante, ele não tem governo e anda sozinho. (…) Discussões comportamentais e culturais no país parecem levar automaticamente a uma sovietização da economia. […]
“É difícil escrever romances.”
Acho que ninguém é capaz de ensinar a escrever um romance, pelo menos não em uma hora. É difícil escrever romances. Você precisa ter a ideia e as personagens, e talvez se acrescentem personagens pelo caminho. Você precisa da história. Você precisa, se me permitem dizer, da forma: qual será o tamanho do livro? Será […]
Lugar de escuta
Pois se alguma nuvem carregada há no horizonte da ficção, é justamente a de uma certa demanda identitária quanto a seus personagens. Decalcada das chamadas ações afirmativas, ela sugere um desejo de legislar (via crítica, sobretudo a universitária) acerca de quem são — sua etnia, seu gênero, sua classe — as pessoas com as quais […]