Os anos dez — cinema

Agora que a década (mas não o inverno do nosso descontentamento) chegou ao fim, é meio inevitável — ao menos para mim — pensar sobre o que de melhor vi entre 2011 e 2020. É curioso como, enquanto as coisas degringolavam mais uma vez e passávamos de uma administração de ladrões para uma administração de ladrões e genocidas, o meu interesse imediato pelo que havia de “novo” foi esmorecendo. Em outras palavras, acompanhei com muito mais interesse as novidades na primeira metade da década, sobretudo no que diz respeito à Mostra e aos outros festivais. Mas, dando uma olhada nas listas de melhores cometidas por outrem, percebo que não deixei passar tanta coisa assim. Ao fazer a lista abaixo, procurei recuperar o entusiasmo que senti ao ver cada um desses filmes pela primeira vez. A cada ano que passa, valorizo mais o impacto da primeira impressão, até porque têm sido raríssimas as vezes em que algo melhora ou piora ao ser revisto e/ou repensado (no caso desta lista, há apenas Holy Motors). Incluí apenas um longa de cada diretor(a), e somente obras de ficção, daí a ausência de coisas estupendas como Time, Sono de Inverno, O Lobo de Wall StreetDetroitImagem e Palavra, Era Uma Vez em… Hollywood e Trama Fantasma. Por fim, há alguns filmes de 2010 na lista, pois só levei em conta a data de lançamento nos cinemas ou festivais brasileiros, e apenas um deles (The Nightingale) ainda não estreou no nosso circuito (é importante quebrar as próprias regras de vez em quando).

 

 

Era Uma Vez na Anatólia, de Nuri Bilge Ceylan.
Na Neblina, de Sergei Loznitsa.
A Hora Mais Escura, de Kathryn Bigelow.
O Cavalo de Turim, de Béla Tarr.
O Irlandês, de Martin Scorsese.
O Mestre, de Paul Thomas Anderson.
Tabu, de Miguel Gomes.
Mad Max: Estrada da Fúria, de George Miller.
O Lamento, de Na Hong-jin.
Adeus à Linguagem, de Jean-Luc Godard.
Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas, de Apichatpong Weerasethakul.
A Árvore da Vida, de Terrence Malick.
Os Oito Odiados, de Quentin Tarantino.
O Espião Que Sabia Demais, de Tomas Alfredson.
Arábia, de Affonso Uchoa & João Dumans.
Um Lugar Qualquer, de Sofia Coppola.
Autoreiji: Biyondo, de Takeshi Kitano.
Amor, de Michael Haneke.
Um Animal Amarelo, de Felipe Bragança.
Acima das Nuvens, de Olivier Assayas.
Bem-vindo a Nova York, de Abel Ferrara.
The Nightingale, de Jennifer Kent.
Reality, de Matteo Garrone.
O Dia em que Ele Chegar, de Hong Sang-soo.
Drive, de Nicolas Winding Refn.
Inverno da Alma, de Debra Granik.
A Criada, de Park Chan-wook.
Z: A Cidade Perdida, de James Gray.
Roma, de Alfonso Cuáron.
Nós, de Jordan Peele.
Sicário, de Denis Villeneuve.
Melancolia, de Lars von Trier.
O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho.
Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres, de David Fincher.
Lincoln, de Steven Spielberg.
Um Método Perigoso, de David Cronenberg.
Foxcatcher, de Bennett Miller.
Trapaça, de David O. Russell.
A Qualquer Custo, de David Mackenzie.
Joias Brutas, de Ben Safdie & Josh Safdie.
Sniper Americano, de Clint Eastwood.
A Bruxa, de Robert Eggers.
Três, de Johnnie To.
After Dark, de Kayden Kross.
Holy Motors, de Leos Carax.