James B. Harris foi sócio de Stanley Kubrick e produziu O Grande Golpe, Glória Feita de Sangue e Lolita. Depois que a parceria acabou, Harris enveredou pela direção. Foram cinco longas entre 1965 (O Caso Bedford) e 1993 (Boiling Point). Gosto particularmente de Cop (1988), com James Woods acordando a filha pequena para, animadamente, falar sobre os casos escabrosos em que trabalha. A mulher eventualmente o abandona, levando consigo a criança, é claro, e Woods está livre para perseguir um assassino em série. É um filme seco, com um protagonista desagradabilíssimo (Woods em seu melhor), aferrado ao gênero, que ecoa Don Siegel e é encerrado com uma fala tão estupidamente boa que anula o clichê polícia vs. bandido de sua sequência final. O roteiro é chupado de um romance de James Ellroy (Sangue na Lua, o primeiro de uma trilogia com o personagem), adaptado pelo próprio Harris. Vi pela primeira vez há uns vinte anos, na Globo, com o título Um Policial Acima da Lei. Gravei quando reprisaram.
Ao contrário de Harris, James Foley segue na ativa (dirigiu vários episódios de House of Cards), mas acho que o seu melhor está em 1985, no segundo longa que realizou. Caminhos Violentos (At Close Range) é baseado numa história real, sobre o pai criminoso (Christopher Walken) primeiro acolhendo o filho (Sean Penn) debaixo de suas asas e depois cobrando um preço alto demais por isso. O que torna esse filme realmente estupendo é a incontornabilidade que comporta. Não há redenção, fuga ou decisão eticamente aceitável que afaste ou atenue a violência. A hybris paterna carrega uma brutalidade poucas vezes vista. O pai se aproxima, seduz, devora. A tela larga, preenchida com paisagens rurais, sugere uma imensidão que escapa aos personagens. É como uma promessa que não se cumpre. Ou uma mentira.
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