Hoje, após acidentados três anos e dois meses de trabalho, terminei de escrever Terra de casas vazias. É o meu quarto romance. Tão logo o terminei, vasculhei minhas tralhas em busca do caderno Tilibra Opus no qual, em 24 de maio de 2009, em um hostel hierosolimita, rascunhei as primeiras páginas. O título já estava lá, bem como a vontade de situar parte da narrativa ali em Jerusalém.
Já escrevi um pouco sobre o processo de escrita bem AQUI e não vem ao caso repetir o que quer que seja. Só quero registrar a alegria que sinto neste momento. Uma alegria repleta de cansaço: nunca foi tão difícil escrever um livro. Não sei se é melhor ou pior do que os outros, e acho que nem cabe a mim dizer. Sei que é diferente, bem mais contido, mais ambicioso (ou pretensioso). Maior. Chegou a beirar as quatrocentas páginas. Na revisão final, cortei quase cem. O livro restou mais leve. Eu também.
Inevitável, agora, pensar como os últimos trinta e oito meses voaram. Coisas maravilhosas aconteceram. Retoquei e lancei dois livros que dava como enterrados. Encontrei uma editora que acredita e investe no meu trabalho. Aos poucos, estruturo uma vida em São Paulo. Voltei a estudar. Trabalho como nunca.
Coincidentemente ou não, Terra de casas vazias é um romance sobre personagens que buscam se reestruturar. Ainda que o desfecho não ofereça a eles uma segurança maior, um desenlace real, a certeza de ter chegado a algum lugar, qualquer que seja, gosto de pensar que o simples fato de vários deles se deslocarem já constitui algo importante. Eles não terminam “melhores” do que antes, não “superam” o que quer que seja, mas, por breves instantes (cada um tem o seu, ainda que eventualmente não se deem conta), saboreiam uma paz que, embora precária como todo o resto, lhes permite seguir viagem.
E é o que farei agora, a propósito: seguirei viagem. Terra de casas vazias será lançado em 2013 pela Editora Rocco.
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