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POEMA PARA ANDRÉ DE LEONES
por Eduardo Sinkevisque
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Compreendo a tristeza de André de Leones,
sua melancolia, sua depressão.
Compreendo a ironia de André de Leones,
seu sarcasmo, seu escárnio, sua visão.
Dessas coisas, de André de Leones, sou irmão.
Compreendo suas rodadas de cerveja,
suas palavras cevadas ceifadas de delicadezas.
Compreendo a dramaturgia de André de Leones,
sua carpintaria trigo, malte, espuma …
Tecidos tragados destragados em tensão.
Dessas coisas, de André de Leones, somente
sou irmão na metáfora da composição.
Não bebo. Fumo. Spleen fora de século
em decomposição.
André de Leones não fuma. Bebe.
Torpor do século em desmistificação.
Em teor de palavras, a gente se assemelha
no assoalho de cacos dos sortimentos
de certa identificação.
Entendo as destruições de André de Leones,
sua distribuição, seu jeito iconoclasta, bonachão
Dessas coisas, de André de Leones, sou irmão.
Somos espécies de basset-hounds de uma mesma
ninhada.
Latimos grosso, andamos lentos sem precisão.
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[Originalmente publicado no blog menos.]
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