Gerrard

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Steven Gerrard é o maior ídolo que tenho, no esporte e fora dele.

Talvez seja o último atleta cuja história se confunde com a do clube que defende. Até hoje, e desde os oito anos de idade, quando chegou às categorias de base do Liverpool, Gerrard jamais jogou por outro time. Gerrard é o Liverpool. E ontem se noticiou que, aos trinta e quatro anos de idade, ele está de saída. Vai para os EUA, disseram. Jogar por lá nos estertores da carreira.

Deixa um espaço, um rombo, impossível de ser preenchido. É o maior jogador da história do clube. Um meio-campista completo, classudo, capaz de lançamentos soberbos, desarmes e chutes certeiros de fora da área. Para além das conquistas (Champions League, Liga Europa, FA Cup, Copa da Liga), está o que sua figura representa, o líder irrepreensível e inspirador, o capitão, o maestro daquela reação inacreditável sobre o Milan, em Istambul, o catalisador da energia que emana do Kop.

Gerrard é enorme, tão grande quanto o Liverpool, tão grande quanto as glórias e as dores do clube (afinal, entre as 96 vítimas fatais do desastre de Hillsborough, estava um primo seu). É difícil acreditar que ele esteja indo embora. É difícil aceitar.

Talvez pese a perda do título na temporada passada, quando estivemos tão próximos de conquistar o único troféu que faltou ao capitão, o da Premier League. Talvez pesem as críticas que ele tem recebido nos últimos meses, por atuações abaixo da média, mas é inegável que o time inteiro está sofrendo para se encontrar e Brendan Rodgers, o treinador, com erros e acertos, faz o que pode para recuperar a intensidade e a vibração perdidas.

Em fins de abril, irei à Inglaterra, ao Anfield Road, para ver um jogo dos Reds. Quando organizei a viagem, meses atrás, não imaginava que veria o penúltimo jogo do nosso capitão em casa. Dada a irregularidade da temporada, é impossível prever o Liverpool que encontrarei então. Torço para que seja um time assegurando uma vaga na próxima Champions e, quem sabe, perto de conquistar uma das Copas. Gerrard merece levantar mais um troféu em sua última temporada no clube do coração. E, dada a sua enorme generosidade, aposto que ele está pensando que somos nós, os torcedores, que merecemos um título. Como se ele nos devesse alguma coisa.

Você não nos deve nada, capitão. Você nos deu tudo. YNWA.

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