Contra a banalidade

Há, na Piauí deste mês, um artigo enfadonho, invasivo e desajeitado sobre Thomas Pynchon. Poucas linhas sobre o que mais importa (os livros do cara) e parágrafos e mais parágrafos com historietas, fofocas e coisas do tipo para ao final dizer, paradoxalmente, que essas bobagens não interessam. Ou seja, a pessoa nem consegue ser coerentemente banal. Nenhuma tentativa de se aprofundar nos romances ou mesmo de investir em uma reflexão sobre a postura “reclusa” do autor nessa época hiperconectada, assolada por celebridades, superexposição etc. Duvido que alguém se disponha a ler Vineland ou Mason e Dixon depois de tropeçar em uma peça jornalística tão ruim. Pynchon é um dos autores mais exigentes e complexos surgidos na segunda metade do século XX. Sugiro aos interessados no trabalho dele que leiam o ótimo ensaio de Martim Vasques da Cunha, O agente secreto. Há também um divertido testemunho de Ian Rankin enquanto leitor de Pynchon publicado em 2006 pelo Guardian. Há muitas coisas interessantes acerca dos livros dele por aí. Basta pesquisar. Aliás, aqui mesmo neste espaço é possível encontrar minhas notas de leitura e resenhas de O Arco-Íris da Gravidade, Vício Inerente (AQUI e AQUI) e Bleeding Edge (prestes a ser lançado no Brasil com o título O Último Grito). E, óbvio, nada substitui a leitura dos livros de Thomas Pynchon. Jamais, em hipótese alguma.