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Quando o livro começa, as “lembranças ainda galopavam pelas ruas, dando tiros”. O avô da narradora é um político ligado a ninguém menos que Bárbara de Alencar, mãe de José Martiniano (pai do escritor) e Tristão Gonçalves, figuras importantes nas insurreições republicanas de 1817, a Revolução dos Padres, e de 1824, a Confederação do Equador. Dona Bárbara é descrita como alguém que “flanava num mundo de grandes tramas, fazia parte de tragédias, disputas, da craveira de forças”, que perdera “as fazendas com as duas guerras republicanas”, além do irmão, dois filhos e vários parentes naquele “território de guerras, desde as armadas contra vermelhados, em sua infância, incêndios de tabas guerreiras, assaltos e massacres, centenas de cabeças rolando pelo chão, foi o que ela herdou, e herdamos”. Como se vê por esse pequeno trecho, a contextualização histórica não é didática, mas intestina. É um dos pontos fortes do livro.

— Trecho da minha resenha de Semíramis, de Ana Miranda, publicada n’O Estado de S. Paulo em 15.03.2014. Clique AQUI e leia na íntegra.